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dimanche 20 janvier 2013

AMÌLCAR CABRAL, hoje aniversàrio do seu assassinato. 40 anos passaram jà...

Hoje faz precisamente 40 anos que o pai da independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau foi cobardemente assasinado em Conakry, precisamente à noite no bairro La Minière, perto dos escritòrios do PAIGC e a um metro do portão da sua casa.
Mas Amìlcar Cabral não obstante o seu desaparecimento fìsico continua cada vez mais presente entre nòs e cada vez mais de atualidade.
Oscar Oramas Oliva, cubano, foi um confidente e um amigo apreciado do lìder nacionalista Guineo-Caboverdiano. Para além do mais Oscar Oramas foi Embaixador de Cuba em Conakry na altura do tràgico acontecimento, e foi uma das ùltimas personalidades a estar ao lado do Amìlcar Cabral antes de ser assassinado, e um dos primeiros a chegar ao local do crime e a constatar a sua morte.
Vamos brevemente aos factos, segundo o relato do Embaixador de Cuba: Algumas horas antes de ser agredido mortalmente, Amìlcar acompanhado de sua esposa, Ana Maria de Sà, foi um dos convidados duma recepção dada na residência do Embaixador de Polònia, que tinha uma profunda admiração por ele. Havia ainda os embaixadores de Argélia, Nigéria, Rùssia, Alemanha (RDA), Checoslovàquia, e o pròprio embaixador Oscar Oramas todos acompanhados das respectivas esposas. Depois do jantar e da dança, Amìlcar estava risonho, relaxado, e como sempre atencioso com todos... Jà noite adentro resolveu retirar-se, na saìda coincidem com os embaixadores de Cuba, e da Rùssia mais as esposas. Antes de despedir-se Amìlcar relembrou ao Embaixador cubano do encontro que tinham previsto no dia seguinte de manhã, em seguida foi-se embora no seu automòvel ladeado da sua esposa, Ana Maria... O Embaixador Oscar Oramas e a esposa seguiram para a residência cubana que fica a uns 600 metros dos escritòrios do PAIGC. Minutos depois ouvem-se disparos muito forte, uma chamada telefònica para o Embaixador não tardou da parte de Otto Shacht, Chefe de Segurança do PAIGC, informando-o que "atiraram" sobre Amìlcar e que se encontrava muito mal. Oscar Oramas Oliva saìu da residência, acompanhado de uma escolta armada precipitou-se ràpidamente em direcção ao Secretariado do PAIGC. Ao chegar apercebe-se que Amìlcar Cabral se encontra cheio de sangue, de bruços na terra a uns escassos passos da porta da sua casa, e Otto Shacht observando a cena impotente. Verifica ainda que o nosso heròi tinha um orifìcio de bala na parte posterior da cabeça, e que o seu corpo apesar de estar quente ainda... Mas dà conta que està morto!! Depois afastou-se para fazer os contactos necessàrios, telefonar, informar os outros Embaixadores, o presidente Sekou Touré, saber da sorte dos outros dirigentes do PAIGC, principalmente do Aristides Pereira que jà se encontrava numa situação embaraçosa, etc. Decidiu voltar para o lugar dos acontecimentos, desta vez acompanhado do nigeriano Bakary Ghibo amigo também do Amìlcar. Este permanece na mesma posição que o viram inicialmente. Otto Shacht não se tinha mexido do lugar como se velasse do corpo, ao lado se encontrava também jà a enfermeira do Partido Arlette Joseph Noel, da ilha de Martinica, que chorava desconsoladamente...!
Como escreveu de facto Oscar Oramas Olivas: "No silêncio da noite, Amìlcar Cabral entrou no mundo das trevas, no mundo dos mitos".
Todavia apraz-me transcrever aqui os escritos de Oscar Oramas Olivas sobre a anàlise que faz sobre a personalidade de Amìlcar Cabral:
"Amìlcar Cabral é um homem jovial, àgil no caminhar, de grande confiança em si mesmo; trocista ou melhor dizendo, homem de humor; pontual nas suas entrevistas; e leitor assìduo dos diàrios Le Monde, Soleil Matin e da imprensa portuguesa.
Tem sempre um sorriso cordial, um cumprimento afectuoso, a simplicidade de quem està habituado às grandes acções. Amìlcar tem a qualidade de compreender intimamente os que o rodeiam, pois conhece-os a todos e trata-os pelo seu nome pròprio. Cativa pela sua sensibilidade e pela ampla e profunda cultura que possui.
Bom orador, de grande independência de critérios, pensa cuidadosamente cada palavra antes de a pronunciar. Escreve pessoalmente os seus dicursos e os principais documentos do Partido.
Sùbtil e profundo, responde a qualquer pergunta ou comentàrio com uma rapidez surpreendente, e fà-lo com tacto, ou de forma mordaz e irònica. Amìlcar Cabral é sem dùvida um homem de cultura e tem as caracterìsticas de um lìder genuìno. È homem que sente, raciocina, e não se deixa abater pelas circunstâncias nem se refugia em evasões.
Procura forças interiores para enfrentar com confiança os acontecimentos e os perigos. TEM O SENTIDO DA HISTÒRIA. È audaz na luta e clemente com o adversàrio. Recusa tenazmente todo o tràgico. O Secretariado, seu escritòrio de trabalho em Conakry, é um lugar simples que partilha com Aristides Pereira, a sua secretària Henriette (Vieira) e Vasco Cabral. Em algumas ocasiões, para poder conversar mais intimamente, pede aos colaboradores que se retirem, para ficar a sòs com o visitante, e o ùnico que permanece a seu lado é Aristides.
Um dos amigos pessoais mais profundos de Amìlcar é o Secretàrio-Geral Adjunto do PAIGC, Aristides Pereira. Ao visitar Amìlcar no Secretariado do Partido, é-se sempre recebido em companhia deste homem reflexivo e analìtico, de poucas palavras e grandes silêncios, que sabe ouvir detidamente o que diz o seu chefe, ao mesmo tempo que observa e aguarda as palavras do interlocutor... Vemo-los percorrer juntos, à tarde, as ruas de Conakry, rumo ao posto dos Correios, para irem buscar a vasta correspondência que recebem. Deve dizer-se que um dos homens que mais se identifica com o pensamento de Amìlcar e com a sua maneira de actuar é o segundo do Partido, Aristides Pereira..."
Termino aqui esta anàlise da personalidade de Amìlcar Cabral por Oscar Oramas que é vasta. Mas não deixo de focar aqui que Ernesto "Che" Guevara depois de uma longa viagem por diversos paìses do continente africano nos anos 60, expressa o desejo de visitar a zona rebelde da Guiné-Bissau para encontrar com Amìlcar Cabral. Depois deste infalìvel encontro Che Guevara confiou mais tarde aos seus companheiros que "Amìlcar Cabral é o dirigente africano do maior talento e que mais o tinha impressionado no seu percurso por este continente."
Fico por aqui neste elogio do grande Che Guevara.

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